17 novembre, 2006

mapa da violência 2006 e os brasileiros

Saiu ontem o relatório "Mapa da violência 2006" da OEI.
Faz tempo que não comento aqui este assunto que tanto me encomoda nos brasileiros, como andei fazendo em textos sobre terrorismo em SP, cultura da violência, plebiscito do desarmamento e referendo do desarmamento e espancamento de ciclistas. Agora, com os dados desse relatório, volto ao tema.
Focado nas causas externas das mortes (homicídios, acidentes de transportes e suicídios), o relatório mostra que são essas as causas 60,4% da mortes de jovens brasileiros.
Acidentes de transportes são responsáveis por 17,1% das mortes de jovens;
Assassinatos são a causa de 39,7% das mortes de jovens.
Dos 65 paises comparados, o Brasil é o campeão de mortes de jovens por armas de fogo.
Os dados deste Mapa provam o efeito do Estatudo e da Campanha do Desarmamento, duas iniciativas ocorridas em 2003 e que reduziram de até 13,3% o numero de mortes por armas de fogo no ano de 2004. Essas iniciativas contavam ainda com o fim da venda de armas e munições para se obter melhores resultados, o que foi negado pelos brasileiros.
O plebiscito do desarmamento (que aconteceu em 2005) foi um fiasco político extremamente mal conduzido e uma grande perda para o país, onde os brasileiros elegeram o 'direito' de terem armas de fogo. Foi também mais um indício da cultura da violência fortemente enraizada nos meus conterrâneos. Este Mapa da Violência de 2006 prova o grande erro que foi esta escolha do 'direito' de ter uma arma: o Brasil é o campeão de homicidios jovens por armas de fogo (43,1 mortes /100.000 habitantes); mais de 100 pessoas mortas por dia no país com arma de fogo.

Copio parte da conclusão do trabalho, que ilustra bem minha opnião a respeito da violência brasileira:
"A incidência crescente de todas essas formas de violência, que torna os jovens ao mesmo tempo vítimas e algozes, exige do conjunto da sociedade uma análise mais aprofundada e uma atitude mais objetiva e responsável, se houver realmente a preocupação em reduzir essa violência na sociedade.
A violência também encontra campo fértil na apatia, na falta de projeto de futuro, na ausência de perspectivas, na quebra dos valores de tolerância e solidariedade, fatos esses que fazem parte da crise de significados da modernidade. Os impasses da sociedade geram diversas formas de culto à violência como alternativas de solução para os problemas imediatos, adquirindo novas formas e novos conteúdos, sob o aspecto de violência gratuita. Essa crise de significados leva a uma situação de asfixia, em que os jovens não vêem a saída da situação nem mecanismos de articulação (movimentos políticos, sociais ou culturais) que funcionem como unificadores. O novo caráter da violência está na intensidade, na própria violência de questões sem saída, estimulando comportamentos violentos e um retorno à barbárie."

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