25 janvier, 2007

453 anos de São Paulo

A cidade de São Paulo faz aniversário hoje. O meu desejo é que os paulistanos (os de fato paulistanos) façam dela uma cidade muito melhor para se viver.
Sei que essa tarefa é difícil, porque os interesses pessoais são muitos e conflitantes, mas São Paulo tem essa possibilidade. Se o desafio é gigante, o potencial também o é: nenhuma outra cidade brasileira tem esse capital humano.
O meu amor por essa cidade é consequência do maravilhoso acolhimento que tive nos anos em la que vivi. As pessoas que encontrei e com as quais convivi em São Paulo são responsáveis por todo o carinho que tenho por essa cidade.
Para quem não leu, copio um artigo (daqui) da Folha de SP de hoje, que não fala de virtudes, mas de defeitos da cidade. Mais que críticas, são incentivos para se fazer uma cidade melhor!

Metrópole de aço

FERRÉZ

Mesmo que eu nunca tenha usufruído das suas posses, que você não tenha dado direitos iguais a seus filhos, ainda assim, feliz aniversário

MESMO QUE eu nunca tenha usufruído das suas posses, mesmo que você não tenha dado direitos iguais a seus filhos, mesmo assim, feliz aniversário.
Mãe, eu não te culpo. Faltou a maldade necessária pra vencer. Faz mó cara que não escrevo, acho que, com todo seu poder, você entende, pois, no final, toda rua de São Paulo, se não é contramão, é sem saída, pelo menos pra nós, que, além do poder público, ficamos à mercê do poder paralelo.
Sou o menino que passa carregando a carroça ao lado de um carro importado, mais caro que toda minha vida de salário, e estou indo pra esquina onde os rostos manchados por uma vida dura fazem bifurcação.
Sou o menino que assopra a fumaça do baseado como as fábricas fazem durante todo o dia e sou seus funcionários lá dentro, trancados, na maior parte do tempo mudos e surdos.
Corro pelo trânsito caótico de quem num tem tempo pra abaixar o vidro e perceber que ainda estou vivo, desço a ladeira da indignação pra chegar num bairro alagado, mas a culpa é nossa, mesmo, na hora do voto não fazemos o saneamento básico. Sou a idosa que vive de pegar lata vazia pra sustentar os dois netos.
Como nunca fui aposentado, fico a maior parte do dia imaginando o que é viver com o salário de um deputado.
Também imagino uma bomba que explode e chega a causar efeito no prato vazio de um pai sentado no lixão, olhando o filho que nunca ri.
Você sabe que tem filho seu que dorme ao relento, mas, ainda assim, o terminal de ônibus diz pra não dar esmola, então vamos distribuir pistolas.
Pobre gente que, na terra da garoa, tenta ver algum sentido na vida. Passo com minha caixinha de chiclete na rua de um ladrão de gravata que ora e de um policial mal remunerado que chora quando vê que seu igual é um trabalhador sem expressão e sem futuro. Vejo o concreto e, perante as famílias sem o básico na avenida de tantos fins de semana trágicos, eu sou apenas mais um rapaz comum.
Na metrópole de aço, colecionador de pedras é o que todos nós somos. Sou a mãe que reclama da falta de emprego e que, quando percebe que o filho sem rumo só tem a rua como recurso, liga a TV e viaja na novela.
Sou o evangélico com o bolso vazio e muita fé, que olha os imensos cartazes dos bancos e pensa no diabo.
Continuo a caminhar, vendo as guerreiras se prostituírem bem perto da av. Oscar do luxo, onde a elite branca brinca de Nova York perante o carro blindado sempre estacionado na zona sul. Me enfio por onde começa a rua do desespero, no Alto de Pinheiros, onde um mendigo morreu pra não incomodar o dono da mansão.
Sou o alcoólatra que antes morava na rua sem nome e no barraco sem número, expulso pelo verdadeiro proprietário, dono de algum condomínio fechado -que, da penitenciária, só tem uma diferença: os moradores pensam estar livres.
Mãe, você oferece tanta coisa que sei que não é pra mim, então por que você mente assim, mãe? A senhora sempre cozinhou na mesa farta queijos, vinhos, pães, mas por que, mãe, só alguns podem entrar nessa casa? Não adianta ser a capital da fartura se essa fartura é pra uma minoria.
Mãe, você adivinhou meu destino, não tem nenhum inocente aqui, mas, me diga, por que, quando você me escreve, só me manda impostos? Seu coração não atende mais nem as emergências, não tem médicos que me curem a dor da solidão que seus prédios altos me causam.
Mãe, você é costureira e continua a fazer a colcha de retalhos, tentando, ainda que em vão, juntar todos nós num mesmo lugar e depois chamar de lar. São Paulo virou um lugar pros duros de coração, pros outros. Quem sair por último, feche a escotilha.
Mãe, num vou mentir, você ilude as pessoas de bom coração dizendo que há oportunidades na sua casa, mas todos sabemos que o preço é alto. Quantos eu já vi tirando seis anos num cadeião ou mendigando por não achar emprego? Você mata os meninos e envelhece as meninas, além de esconder o que te incomoda, como os cemitérios, as prisões, os doentes mentais.
Acho que você faz isso comigo também, mãe, você me isola porque não pode me dar o que prometeu.
Quando você me mostrava pras tias, elas me apertavam, me beliscavam, me mordiam. Por que machucamos o que admiramos? Na hora que preciso, eu não tenho o mesmo tratamento que meus primos. Quando teve aquele desabamento, eles ficaram em hotéis. Por que tenho que ficar com os outros num pátio de colégio?
Isolado aqui na minha aldeia, talvez eu nem seja um filho legítimo, afinal, só sei que meu pai é baiano. Talvez eu seja somente um bastardo, mas, mesmo assim, feliz aniversário. Do seu filho, Periferia.


FERRÉZ, 31, rapper e escritor, é autor de "Capão Pecado", romance sobre Capão Redondo, bairro na periferia de São Paulo, onde ele vive, e de "Manual Prático do Ódio"

13 janvier, 2007

Noël à Aachen

Et voilà nos dernières photos des vacances de Noël à Aachen.
Nous avons passé dix jours avec la famille, les amis et quelques achats pour profiter des offres après Noël.


promenade avec Inge et Joseph pour respirer un air frais dans une fôret à Aachen, le 26/12/2006. Copyright © alissonjunqueira@hotmail.com


fin de soirée à la sortie du pub espagnol avec Sylvia, Ulla, Winnie, et Jörg, au centre ville d'Aachen, le 28/12/2006.
Copyright © alissonjunqueira@hotmail.com


promenade en fôret avec des amis aux alentours d'Aachen, le 29/12/2006. Copyright © alissonjunqueira@hotmail.com


petit déjeuner avec David, Gaby et Georg à Aachen, le 30/12/2006.
Copyright © alissonjunqueira@hotmail.com

12 janvier, 2007

dez pra uma

Ontem vi uma boa reportagem sobre uma bizarra questão social: em algumas regiões da Índia, a proporção de homens para mulheres chega a 10:1!
Isso mesmo: dez homens pra uma mulher! E o motivo não é que seja algo como Serra Pelada, onde tinha muitos garimpeiros para cada prostituta. Pelo contrário, são regiões do país com cidades 'normais'! Consequência: tráfico de mulheres.

Eu sabia que na China rural a mortandade de fetos femininos é grande, e a origem do problema é que pode-se ter um filho apenas. Mas porque preferem o filho homem? Isso não sei.

E qual a motivação dos indianos, que se reproduzem à vontade, para chegar a essa situação?
  1. o dote que a família da mulher paga quando ela se casa, que é proporcional ao seu patrimônio.
  2. a mulher deixa a sua família e passa a pertencer à familia do marido.
Ou seja, casar uma filha significa ficar mais pobre e 'perder' um membro da prole. A família do marido, além de receber o dote e a mulher, garante seu 'asilo': a jovem vai cuidar dos sogros na velhice. Um detalhe suplementar: os casamentos são arrajados pelos pais.
Tudo isso foi agravado depois dos anos 70, com a ultrassonografia que permitia saber o sexo do feto. Caso seja mulher, a mãe aborta sobre forte pressão da família do marido. De dois anos para cá, o médico é proibido de dizer o sexo do feto à paciente, e a mulher é proibida de abortar. Mas... dá-se um jeitinho, né? Afinal, a corrupção faz parte da 'natureza humana'.

Agora, eles tem toda uma geração de jovens... homens!

Para os pais que não conseguiram casar seus filhos homens recebendo o dote e tudo mais (atualmente, a maioria se encontra nessa situação), resta... comprar uma mulher para o filho!
Como este infanticídio não é generalizado na Índia, a alguns milhares de kilômetros de distância é possível comprar uma adolescente da sua família por uns 30€. Trabalho para os traficantes, que a revendem por 600€. E não faltam histórias de adolescentes que 'somem' dez dias após o casório: vão ser revendidas por mais 600€ na cidade vizinha.

A ironia do destino é que, nestes casos, as famílias - que mataram suas meninas para
receber futuramente um dote e uma empregada doméstica - estão pagando um dote (esses 600€ são caros demais para muitos) e ficando sem a empregada!

Acho incrível a força que uma estupidez cultural como essa possa ter sobre uma sociedade! Os pais condenaram seus filhos a viver em uma sociedade (quase) sem mulheres.
Como estará esse povo uma década mais tarde? Veremos. Isso deve ser um prato cheio para os estudos de sociologia.
Pelo menos, talvez isso seja uma solução para outro problema: reduzir a longo prazo o mundaréu de gente desse pais superpovoado ;-(

09 janvier, 2007

fotografia I

De vez em quando alguém pergunta sobre fotografia. Acho que estou devendo há tempos um comentário a respeito... ou melhor, alguns comentários, porque preciso falar em partes para não bagunçar muito. Segue então o primeiro, sobre uma inicialização:


Para quem quer aprender sobre fotografia, fuce e descubra o que lhe interessa. Sugiro alguns passos:
  1. Leia e veja a respeito. Existem muitos livros sobre o tema e as bibliotecas públicas costumam ter vasto acervo a respeito. Mais: na internet tem muito conteúdo bom; comece explorando calmamente o www.photo.net, especialmente o menu 'learning'. Eu diria que este site tem todas as informações necessárias!
  2. Fotografe! Antes de pensar em adquirir equipamentos, use o que tenha disponivel. Só compre posteriormente, e na medida das suas necessidades.
  3. Se realimente: faça fotos e compare o resultado obitido com o esperado. Evolua este seu conhecimento: faça mais fotos e compare.
  4. Caso os passos anteriores sejam muito difíceis para você, então tente um curso de fotografia ou um professor particular. Escolha com cuidado e peça recomendações de quem já fez, antes de pagar e gastar seu tempo.
Fotografia é um assunto amplo, ninguém domina tudo; Com você não será diferente: escolha os temas que lhe interessem e desenvolva-os! Em pouco tempo você terá dominado as técnicas necessárias e estará desenvolvendo seu olhar fotográfico.

Quase tudo que sei a respeito de fotografia aprendi com meu amigo Rodrigo Telles e no site pessoal do Philip Greenspun (que se tornou em 2000 a comunidade www.photo.net).

Segue uma foto recente que fiz em Paris, com os recursos disponíveis na ocasião: usando do entretempo de passadas mais apressadas que a Petra e o Roland, com minha pequena máq. fotog. compacta apoiada na ponta de uma peça do mobiliário urbano, com os ajustes de abertura f/3,5 e velocidade de 1/20s:

soleils à la rue Montaigne, Paris, 16/12/2006
Copyright © alissonjunqueira@hotmail.com

06 janvier, 2007

saúde de ano novo

Um outro colunista da Folha que é imperdível (e não são muitos) é o Drauzio Varella. Na sua coluna de hoje (aqui para assinantes) ele fala das promessas de ano-novo relativas a cuidados com a saúde.
Para falar das tradicionais recomendações (comer e beber com moderação e fazer exercícios fisicos), ele usa uns argumentos interessantes, que resumo:
Se sabemos que os exercícios fazem bem para o organismo e sentimos prazer após praticá-los, porque é tão dificil de fazê-los? A resposta é: os exercícios vão contra nossa natureza. Nenhum animal se exercita naturalmente após as refeições, e conosco não é diferente. Em seguência vem mesmo a 'siesta'.
Como temos comida farta e fácil atualmente, precisariamos reprogramar nossa natureza que nos induz a armazenar (em tecido adiposo) energia para os períodos de vacas magras...
Como vencer essas duas tendências naturais (comer bastante para armazenar e economizar energia)? Ele dá duas recomendações:
  1. Olhar para a comida como fazemos com o álcool: é bom, mas com moderação. Não devemos esquecer que nosso cérebro reage fortemente a qualquer perda de massa e que nossa necessidade energética na maturidade é muito menor que na adolescência!
  2. A atração para se exercitar cotidianamente não vira nunca, porque é contra nossa natureza. Devemos nos impor uma disciplina para isso, com horários, regularidade, e não depender dos outros. E para quem isso é impossivel, incorporar o exercício no cotidiano: andar a pé, subir escadas, se mexer!
Caso contrário, as promessas de ano novo morrerão na primeira semana de 2007.

04 janvier, 2007

causas da obesidade

No Folha Equilíbrio de hoje saiu um artigo curioso, sobre as causas do aumento da gordura humana. é uma versão brasileira de artigo da New Scientist.
Vale um resumo e umas considerações no final:
Se não se discute que as pessoas cada vez mais comem demais e queimam energia de menos, por outro lado tem-se feito pesquisas para explicar melhor as origens do problema.
Os autores compilalam os dez principais fatores correlacionados:
  1. Pouco sono: menos horas de sono está ligado a mais massa, e as pessoas têm dormido menos;
  2. Poluição: ratos expostos a poluentes ambientais engordam muito; o mesmo deve se aplicar aos humanos. Como engolimos, inalamos e absorvemos pela pele diversos poluentes químicos...
  3. Controle do Clima: ajustar a temperatura corpórea requer queima de energia. Cada vez mais vive-se em ambientes climatizados, confortáveis. Portanto... passar frio ou calor seria saudavel!
  4. Iguais se atraem: os gordinhos se atraem e vão ter filhos com componente genético para a a causa;
  5. Um pouco mais velhos: a população esta envelhecendo e a idade esta relacionada com aumento de peso. Neste item os autores incluem ainda o aumento de populações com maior indice de obesidade, como a negra e a mexicana.
  6. Menos fumo: o cigarro está relacionado a menor massa corpórea. Para os casos em que está diminuindo o fumo, como nos EUA ou no Brasil, essa é uma causa importante.
  7. Efeitos pré-natais: filhos de obesas tem probabilidade muito maior de serem obesos. Fetos que 'passaram fome' também!
  8. Mais medicamentos: muitos medicamentos levam a aumento de massa. Eles falam em ganho de 5kg para mulheres após dois anos do uso de pílulas anticoncepcionais!
  9. Mães maduras: mães mais velhas têm filhos mais gordos, e o primogênito também costuma ser mais gordo que os outros. Como as mulheres têm tido filhos mais velhas, e em menor número...
  10. Gordura e fertilidade: pessoas mais gordas têm mais filhos.
Interessante! Agora umas considerações:
O artigo não comenta questões que considero fundamentais e por isso não sei se foram ponderadas nos estudos, como a influência cultural:
  • filhos de gordos: são mais gordos por componentes genéticos ou mais gordos porque os pais dão porcarias para eles comerem?
  • Em muitos casos, as pessoas mais educadas/cultas/ricas são mais magras. Onde são consumidos mais refrigerantes, açucar, gorduras e carboidratos? Normalmente não são nas mesmas casas onde as frutas e legumes têm preponderância.
Quando falam dos 5kg causados pelos anticocepcionais, embora eu não seja conhecedor, sei muito bem que uma pílula da década de 70 não tem nada a haver com uma pílula de ultima geração!

fantasia do harém

O subtítulo da coluna do C. Calligaris de hoje na Folha é "A desigualdade produz, nas elites, a fantasia de estar num harém de corpos escravos". Ele fala do Filme "Em Direção ao Sul" de Laurent Cantet, que está em cartaz em SP, e que mostra mulheres norte-americanas em turismo sexual no Haiti.
Como de costume, ele utilisa a trama do filme para mostrar conceitos muito mais profundos. Neste caso, o sugeito é a fantasia (sexual) de dominação, tão corriqueira para grande parte dos humanos. Sem perder a oportunidade, o Calligaris aplica a mesma idéia para dizer que isso seria uma das causas da estúpida desigualdade brasileira.
O raciocínio explicaria grande parte do turismo sexual que existe no mundo (muitos seriam incapazes de desejar outra pessoa de mesma condição social, e precisariam de um 'corpo', de um outro do 'andar de baixo', sem cidadania).
Eu tenho que lembrar que muitos estudos tecem o mesmo raciocínio para explicar dois outros sujeitos: as necessidades humanas de poder e riqueza. Parece que são dois outros conceitos que se sustentam na mesma desigualdade; seriam algo como "pouco importa o quanto tenho de poder ou riqueza, e sim o quanto tenho mais que as outras pessoas".
Quanta futilidade humana!
Tudo isso é interessante por nos ajudar a compreender melhor o proximo, ser mais empático (ou até, talvez, para nos conhecer melhor).

03 janvier, 2007

amis à Düsseldorf

Après dix jours en Allemagne nous sommes de retour, et je peux faire mon premier post de 2007!
pour commencer, trois photos à Düsseldorf, où nous sommes allés pour passer une journée avec des amis.
Quelle belle ville!!

Petra, Silke, Marcelo, Juliana et sa grande-mère à Düsseldorf le 27/12/2006
Copyright © alissonjunqueira@hotmail.com


architecture contemporaine, Düsseldorf, 27/12/2006
Copyright © alissonjunqueira@hotmail.com


le son d'une Ferrari venait de la beauté architectural, Düsseldorf, 27/12/2006
Copyright © alissonjunqueira@hotmail.com