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Crèche (presépio) I, chez nous, 30/12/2005
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O ano acaba. A mudança de data traz consigo uma esperança de renovação: é um momento em que pensamos em nossos projetos -para o ano que vem e também em geral, para o futuro, a longo prazo.
É engraçado. Muitas vezes, acho que o futuro nos preocupa demais, a ponto de nos impedir de saborear o presente. Mas, por outro lado (e paradoxalmente), parece-me que nossos projetos são quase sempre modestos, inibidos, sem ousadia, como se não nos permitíssemos sonhar e correr atrás de nossos sonhos.
Os adolescentes, por exemplo, são constantemente convidados a sacrificar seu presente e a preparar-se para as exigências do futuro ("não saia, pare de vagabundear e sente-se para estudar"). Ao mesmo tempo, na maioria dos casos, o futuro com o qual eles sonham (e que deveria funcionar como seu pensamento dominante) é curiosamente razoável, "sossegado", mas mediano, se não medíocre.
Claro, os pais adotam, de fato, em relação aos filhos, uma espécie de moral estóica: quem desejar menos não será, talvez, mais feliz, mas será sem dúvida menos infeliz em caso de fracasso e de frustração. Queremos tanto o bem de nossos rebentos que acabamos cortando suas asas: "sonha bem quem sonha pouco".
Mas essa explicação não basta: não só os jovens parecem sonhar à surdina. A gente também. Por que será que, quando sonhamos e projetamos o futuro, somos facilmente medrosos?
Em 2002, surpreendentemente, um psicólogo ganhou o prêmio Nobel de Economia: Daniel Kahneman. Todos os seus trabalhos (muitos dos quais escritos com Amos Tversky, que morreu em 1996 e, portanto, não pôde ser premiado junto com seu colega) questionam um pressuposto da teoria econômica (hoje quase defunto), segundo o qual o sujeito da economia (ou seja, nós, quando tomamos decisões econômicas) seguiria princípios racionais, escolhendo o que é mais útil e mais proveitoso.
A teoria que tornou Kahneman e Tversky famosos se chama "Prospect Theory", teoria do prospecto, ou seja, teoria de como a gente avalia as expectativas futuras, no momento de decidir. Eles escreveram dois textos cruciais sobre o assunto, um em 1979 e outro em 1992 (disponíveis ambos on-line no endereço http://prospect-theory.behaviouralfinance.net/).
A "Prospect Theory"" mostra o seguinte: na hora de correr um risco ou de evitá-lo, nossa decisão não é guiada apenas pela consideração das chances efetivas de sucesso ou fracasso, mas outros fatores menos "racionais" (em particular, o medo de perder) tornam-se determinantes.
Escolho uma das experiências realizadas por Kahneman. Note-se que o valor em jogo (digamos, R$ 1.000) corresponde a um terço da renda média do grupo social de onde vêm os entrevistados (as experiências foram realizadas na Suécia e repetidas e confirmadas nos EUA). No começo da experiência, supõe-se que o sujeito tenha recebido, de presente, um dinheiro; dessa forma, as perdas eventuais não mudariam perigosamente sua condição financeira.
Então, você já recebeu R$ 1.000. Agora, você deve escolher entre A) receber R$ 500 certos e B) correr um risco pelo qual há 50% de chances de você ganhar R$ 1.000 e 50% de chances de você não ganhar nada. A grande maioria dos entrevistados (84%) escolhe ficar com os 500 certos e evita o risco de não ganhar nada na esperança de ganhar mais.
Situação inversa. Você recebeu, de presente, R$ 2.000. Agora, você deve escolher entre A) perder 500 inevitavelmente e B) correr um risco pelo qual há 50% de chances de você perder R$ 1.000 e 50% de chances de você não perder nada e ficar com todos os seus 2.000. Aqui uma boa maioria dos entrevistados (69%) prefere correr o risco de perder mais, na esperança, obviamente, de não perder nada. Só 31% optam pela perda inevitável de R$ 500.
Conclusão: quando se trata de ganhar, nossa aversão ao risco é muito maior do que quando se trata de perder. Em outras palavras, não é para ganhar, mas para não perder que estamos dispostos a mais sacrifícios. Para não perder, estamos até prontos a correr o risco de perder mais ainda.
De fato, muitos jogadores conseguem deixar a mesa quando estão ganhando, contentando-se com o dinheiro que levarão para casa, mas são poucos os jogadores que conseguem parar de jogar quando estão perdendo. Em regra, o jogador não se resigna às perdas e segue apostando e acreditando numa mudança da sorte, até esgotar sua conta e seu crédito. Outro exemplo é o do investidor que se agarra a ações que declinam ruinosamente e prefere esperar um milagre a vender e limitar seu desastre.
Ora, a descoberta de Kahneman e Tversky se aplica fora do âmbito estreitamente econômico: na hora de arriscar, o que fala mais alto é o medo de perder. Quando limitamos medrosamente nossos sonhos, o que vale não é tanto a vontade de torná-los mais razoáveis e realizáveis, mas o medo de abandonar o conforto resignado do status quo.
Os psicanalistas dizem a mesma coisa, em termos apenas diferentes: não há desejo sem perdas, e quem não aceita perder se impede de desejar.
Enfim, meus votos para todos: um Ano Novo sem medo de perder.
Libellés : philosophie
Ja ha um ano fora do Brasil, tenho dificuldade de acompanhar o que tem acontecido culturalmente no meu pais. Mas hoje li um texto coerente e bem fundamentado sobre atuaçao do governo federal nesta area, que tem o titulo acima e transcrevo a seguir. Foi publicado na Folha de Sao Paulo de hoje (28/12/2005).
"Parabolicamará sem rumo
MARCO VILLA
O governo Lula ficará marcado na história do Brasil pelas denúncias de corrupção. Falou-se muito dos escândalos -e foram tantos! Porém, a indissociação entre a coisa pública e os interesses privados é uma característica de governo. Um bom exemplo é a ação de Gilberto Passos Gil Moreira no Ministério da Cultura: tornou o MinC numa extensão das suas atividades artísticas. Sem programa de trabalho, transformou o ministério em trampolim pessoal: fala, canta, mas, de política cultural, que é bom, até hoje, nada. O ministro discursa como poucos -e, aí, mira-se no exemplo do seu superior.
Desde a posse, o ministro se notabilizou pelos pronunciamentos confusos. No primeiro, falou em "do-in antropológico" e ganhou manchetes. Depois, em cada cerimônia, encantado com a repercussão, não perdeu oportunidade para falar até sobre o invisível, como em Porto Alegre, em setembro deste ano: "Gostaria que os representantes da imprensa que aqui estão aproveitassem a rara oportunidade para levar aos seus leitores, ao nosso povo, o significado do pequeno para todos nós. A importância do significado do ínfimo na vida de todos nós. A importância do significado do invisível na vida de todos nós". Finalizou o discurso citando a si próprio -e não foi a primeira vez. Mas, sobre política cultural, nada.
Em diversas atividades do MinC, especialmente nas musicais, o ministro participou ativamente dos shows, principalmente daqueles realizados no exterior. É impossível distinguir se a participação foi do cantor ou do ministro de Estado. As duas atividades se misturam.
O ministro conseguiu manter na mídia o nome do cantor, aqui e lá fora. Um dia está ao lado de Pelé, na Alemanha; noutro, na França, com os cantores brasileiros no caro Ano do Brasil na França -apelidado de "Ano do BraGil na França"; no posterior, no Haiti, onde, segundo sua agenda divulgada no site do ministério, realizou um "encontro de confraternização com um sacerdote do vodu haitiano", em 15 de fevereiro.
O MinC não tem projeto de política cultural para o país. Tem, sim, um projeto pessoal, que está dando certo, muito certo |
Libellés : política brasileira
Nos voeux pour nos amis, Paris, 17/12/2005
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Libellés : Noël
Au Printemps, ses lumières de Noël et ses belles et joyeuses vitrines, Paris, 16/12/2005
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Les vitrines animées qui font la folie de tous, Paris, 16/12/2005
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Des lumières au Noël Lafayette, Paris, 16/12/2005
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La fête des enfants dans une vitrine animée du Lafayette, Paris, 16/12/2005
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L'imaginaire Voie Lactée dans les façades d'une rue dans le 18ème arrondissement, Paris, 16/12/2005
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Moi dans la rue du Poteau, Paris, 16/12/2005. Photo Elcio Ramalho
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Les 'bougies' de Noël dans la rue de Rivoli, Paris, 16/12/2005
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La Conciergerie, Ile Saint Louis, Paris, 11/12/2005
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Libellés : Paris, quai de la Seine
La lune avec l'église de Notre Dame, Paris, 11/12/2005
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Libellés : Paris
à l'intérieur du BHV, à l'étage du bricolage :) Paris, 11/12/2005
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Le BHV avec les 'bougies' de la rue de Rivoli, Paris, 11/12/2005
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La lune monte derrière la Mairie, Paris, 11/12/2005
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Libellés : Paris
Avant de geler, une dernière photo au Louvre, Paris, 11/12/2005
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